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Teste real: Nissan Leaf percorre 255 km entre Vila Franca e Nelas em 2021 — análise de autonomia, consumo e impacto da topografia

Subtítulo:
Rede limitada, temperaturas baixas e ausência de arrefecimento líquido da bateria tornaram este teste inicial particularmente exigente.


Introdução

A mobilidade elétrica em Portugal deu passos significativos na última década, mas em 2021 a rede pública de carregamento ainda apresentava limitações. Um teste real realizado entre Vila Franca de Xira e Nelas (255 km) com um Nissan Leaf de 40 kWh permitiu avaliar, em condições reais, a autonomia, desempenho energético e comportamento em autoestrada do mais vendido elétrico da Nissan.


Contexto Técnico do Veículo

  • Nissan Leaf 40 kWh (2ª geração)
  • Autonomia WLTP: 270 km
  • Bateria sem refrigeração ativa, suscetível a aquecimento em cargas rápidas consecutivas
  • Ausência de bomba de calor, com impacto em clima frio
  • Regeneração variável conforme modo de condução (Eco reduz regeneração)

O ensaio decorreu em novembro, com temperaturas baixas e um perfil misto de topografia, incluindo as subidas de Mira de Aire e Buçaco — ambas críticas para o consumo.


Planeamento da Viagem

  • 255 km totais
  • 170 km de autoestrada (A1 e IC12)
  • 40 km de IP3
  • Restante em estrada nacional

A velocidade de cruzeiro prevista: 100 km/h, para otimizar o binómio consumo/tempo.

A estratégia incluía uma paragem intermédia na área de serviço de Pombal, dado que iniciar a viagem com autonomia equivalente ao trajeto era insuficiente para compensar perdas por topografia, temperatura e velocidade.


Consumo e Desempenho Energético

Nos primeiros 100 km, o consumo manteve-se dentro dos valores expectáveis, mesmo com a subida de Mira de Aire. A gestão ativa da velocidade, variando entre 70 e 100 km/h, permitiu preservar autonomia.

Ao chegar a Pombal, o único posto disponível estaba ocupado, exigindo 15 minutos de espera.
O carregamento rápido acrescentou autonomia suficiente (130 km) para atacar a subida do Buçaco.

Impacto da topografia

  • Subida do Buçaco: aumento significativo do consumo
  • Descida de Mortágua: recuperação acentuada por regeneração, mesmo em modos de baixa regeneração

A ausência de bomba de calor penalizou a eficiência devido ao frio, obrigando a usos pontuais do ar condicionado.


Resultados da Viagem (Ida)

MétricaValor
Distância total255 km
Autonomia restante à chegada~30 km
Tempo total3h00
Tempo normal (combustão)~2h20
Carregamento intermédio15 min (+ 15 min de espera)
Consumo total estimado~16,5 kWh/100 km
Custo total10,5 €

Apesar das dificuldades, seria tecnicamente possível completar o trajeto sem paragem, caso a velocidade e temperatura fossem mais favoráveis.


Viagem de Regresso

Após carregamento doméstico, a estratégia centrou-se na monitorização da disponibilidade dos postos via Miio. A disponibilidade condicionou algumas decisões, mas apenas foi necessário um carregamento de 5 minutos em Aveiras, essencialmente por precaução.

Tempo total: 2h45
Custo total (ida + volta): 16,5 €
Equivalente a cerca de 60 € num veículo a gasolina.


Conclusões Técnicas

  1. O Nissan Leaf 40 kWh é capaz de cumprir viagens de 250+ km, desde que exista planeamento e controlo de velocidade.
  2. A topografia continua a ter um impacto muito significativo na autonomia real.
  3. A ausência de arrefecimento líquido da bateria exige atenção a cargas rápidas consecutivas.
  4. Em 2021, a limitação dos postos de carregamento aumentava o tempo total de viagem.
  5. Mesmo assim, os custos energéticos são drasticamente inferiores aos da combustão.
  6. Em modelos mais recentes (ex.: Nissan Ariya 87 kWh), o mesmo trajeto é feito com apenas um carregamento rápido e tempos muito próximos dos veículos térmicos.